sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O dízimo e a sua importância!

     A palavra “dízimo” significa décima parte. Presente em outras tradições e culturas, chegou-nos através de inúmeras citações do Antigo Testamento, que atestam sua prática entre os israelitas. No tempo das doze tribos de Israel, a tribo de Levi servia ao altar e era pobre, desprovida de rebanhos e campos para cultivar. Devia ser sustentada pelas outras onze tribos que separavam uma parte de suas colheitas e de seu rebanho e entregavam aos levitas, bem como aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas. O livro do Deuteronômio refere-se a dois tipos de dízimo (Cf. Dt 14, 22-28): um anual e outro trienal. Ano a ano, a décima parte devia ser tomada dos produtos agrícolas e trazida ao Templo para o banquete sagrado. A cada três anos era deixada nas portas para alimentar os pobres.

     “Pagar ou não pagar” o dízimo é questão que aflige a uma parcela considerável de católicos. Alguns resistem a participar da pastoral do dízimo em suas comunidades alegando, entre outras coisas, a legendária “riqueza” da Igreja. São católicos até participantes. Têm, contudo, uma idéia antiga de Igreja, considerando-a mera provedora de bens espirituais, não precisando, portanto, de recursos para se manter. O dízimo perdeu a sua força na Igreja católica aqui no Brasil, porque até a proclamação da república, os dízimos eram cobrados pelo estado e este os repassavam à Igreja. Como era um imposto e tinha uma administração falha, perdeu a sua credibilidade e gerou um certo preconceito no meio católico, que perdura até os dias atuais.

      A entrega do dízimo não é pagamento. Nenhum cristão “deve” dízimo à Igreja. Ao trazer mensalmente seu dízimo, o fiel não está pagando pelo serviço religioso do qual usufrui. Nem o faz com interesses pessoais, para ganhar bênçãos e assim multiplicar sua renda. A idéia de que Deus recompensa nosso dízimo com riquezas é uma afronta à palavra de Deus. Quem dá esmolas para ficar rico, não dá nada: está fazendo comércio. Quem doa não espera nada em troca.

      Há uma mística a se resgatar no gesto da entrega do dízimo: Deus é generoso e clemente. Tudo lhe pertence. Em sua misericórdia criou o mundo e tudo que existe para o bem do ser humano. Ele concede dons, talentos, inspiração, capacidade de criar e trabalhar a todos os viventes. Quem produz algo, o faz porque o Senhor o permite. Revela-se assim o dízimo como um gesto de gratidão para com Aquele a quem tudo devemos.

      O dinheiro oferecido de acordo com as posses e consciência de cada um é humilde reconhecimento de que sem Deus nada se é, nada se tem. Mas Deus não precisa de dinheiro, poder-se-ia contra-argumentar. Mas os pobres, seus ministros e a comunidade necessitam se manter. Vê-se aí o dízimo numa dimensão de partilha e solidariedade. Deus se identifica com as necessidades dos pobres e da comunidade. A subsistência da Igreja sempre dependeu da colaboração dos fiéis.

     A Igreja Católica não obriga seus fiéis a contribuir com o dízimo. Também não os obriga a doar o valor que corresponde ao sentido da própria palavra: décima parte. São Paulo esclarece em sua segunda carta aos cristãos de Corinto: "Cada um que se dispõe a oferecer o Dízimo o faça conforme suas posses e de acordo com seu coração" (2 Cor 9,7). Há os que doam mais que a décima parte e os que doam bem menos. A quantia em si mesma não importa. Entregar o dízimo não é garantia de salvação. Quem entrega o dízimo não pode se considerar melhor cristão. Por outro lado, embora a palavra dízimo tenha o significado de dez por cento, décima parte, São Paulo nos ensina que a nossa contribuição não necessita se basear num percentual rígido, o critério para definir o valor do dízimo é o impulso do nosso coração. Devemos contribuir com o máximo que o nosso orçamento possa suportar. Assim, quem pode dar 10% não contribua com menos. Quem puder dar 5% não dê 4, quem puder dar 3% não dê 2. "Dê cada um conforme o impulso de seu coração sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria" II Cor. 9,7.

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